quarta-feira, 16 de março de 2016

Março. Com M de Mês da Mulher


A querida e visionária Simone de Beavouir, sabiamente disse:
"Não se nasce mulher. Torna-se mulher".

Aconteceu assim comigo.
Nasci há 28 anos atrás, espécie humana do sexo feminino.

Não, não nasci mulher. Me tornei mulher.
Aliás, acho até que fico me tornando mulher todos os dias, e definitivamente, a evolução começou somente após os 27 anos de existência.

O que eu era antes?
criança. menina, num corpo de mulher.

Ser mulher é ter a coragem de recomeçar todos os dias. É acordar com o despertador, e antes de abrir os olhos, o cérebro feminino lhe trazer o nome do cara, e ainda assim, levantar e tocar a vida como se nada estivesse acontecendo, como se o neon não estivesse piscando lá dentro. 

Ser mulher, é ser o próprio sol quando o dia amanhece nublado. Esperar alguém fazer o seu dia brilhar para espantar as densas nuvens cinzas por você, é coisa de menina. Esperar alguém trazer o guarda chuva para você não se molhar quando chove, é coisa de criança. 

Ser mulher é correr na tempestade. É se proteger do temporal com o que tem na mão. E se não tiver nada nas mãos, é atravessar correndo, molhar o sapato, desmanchar o penteado, deixar a blusa transparente, tremer de frio, mas chegar. Chegar em algum lugar seguro e se abrigar. Esperar que esse lugar seguro seja uma pessoa é coisa de menininha. É a mesma coisa que se proteger de raio embaixo de árvore. O lugar seguro é um lugar nosso, lá dentro de si. Muito mais perto do que se imagina.
Ser mulher é se abrigar na gente mesmo. É morar dentro da gente.
Às vezes, esse nosso auto-abrigo falha e  deixa passar uma gota ou outra da chuva ou até uns buraquinhos deixam passar muita, muita água. Mas ser mulher é isso. É fazer a reforma sozinha, procurar os buracos, pegar as ferramentas e ir lá tapar. É aprender a consertar. Ser mulher é aprender a resolver os próprios problemas.

Ser mulher é parar pra almoçar, mesmo sem fome nenhuma, porque já aprendeu que por mais que o estômago não aceite, o corpo precisa de energia para todo o resto do dia. Deixar de comer é que nem greve de fome, coisa de menina. Ser mulher é se forçar a manter a rotina, mesmo quando o corpo não quer corresponder ao que é pedido. Ser mulher é fazer o que é certo, e não o que é fácil.

Ser mulher é pedir socorro. É chamar aquela amiga que pode trazer alívio com palavras bonitas de ouvir. Ser mulher é acreditar e ter esperança de que tudo muda pra melhor, e que cada experiência mal sucedida, faz a ponte entre mulher e menina.

Ser mulher é  ter que sorrir para o mundo, quando o coração grita de dor. É dar o melhor de si, é fazer novos planos sem necessariamente ainda ter esquecido os velhos.
É atender um cliente sorrindo, por que ele não tem culpa e nem noção da dor que teu peito carrega. 
Ser mulher é sentar no chão e ouvir o que uma criança tem a dizer, como se os pedaços do teu coração estivessem intactos e disponíveis para aquilo. 
Ser mulher é dizer por favor, obrigada, com licença, mesmo quando o peito inflamado de angústia e dor, não se importa com nenhuma dessas palavras, e você só quer ficar calada.

Ser mulher também é comer chocolate escutando aquela música que piora tudo. Por que mulher não é de ferro. Ser mulher é ser um pouco menina e um pouco criança também, às vezes. É querer colo de mãe, que também é mulher, que também já passou provavelmente, por tudo isso que a gente passa.

Ser mulher é saber a hora de sair de algo ou de uma relação que não faz bem. É difícil ser mulher, porque não adianta saber a hora de sair, olhar no relógio, ver a hora chegar e ficar. Querer brincar só mais 10 minutinhos, é coisa de criança. É fácil se confundir, por isso ser mulher é pegar a mala e ir no tempo certo.  Ser mulher é ter que decidir entre ir ou ficar, e suportar a decisão. Ser mulher é assumir a responsabilidade da escolha. É saber a hora de parar e dizer não para alguém que não diz sim para ela.

Ser mulher é chorar, sentir, e doer. É também rir, pensar e curar. 
Tudo num dia só.

3 comentários:

  1. Não se engane Bárbara, homem também sente dor pelo término, e muito. As vezes eu gostaria de ser um psicopata, e não sentir nenhuma dor por isso, nada. Mas acabei me assustando com a minha própria humanidade. Chorei muito nos últimos três meses, e não tenho nenhuma vergonha de dizer isso.

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    1. Sinto muito que tenha que sofrer por um término também. Eles realmente são difíceis. Mas acredito que não me enganei não. Em nenhum momento desse texto, ou de outros que escrevi, falei algo sobre o homem não sentir dor. É apenas um blog escrito por uma mulher, e e conto aqui a minha história. Minha versão da história. Mas sei que homens sofrem sim! Até mesmo quando o homem que decide pelo término, ele também sofre, afinal, a vida dele também passará por incontáveis mudanças, e mudanças assustam, por mais que tenha escolhido por isso. O que pode acontecer é que devido a cultura da nossa sociedade, o homem não se expresse tanto como a mulher quanto a dor de uma separação, mas isso é outra história... Chore, se lamente, mas não se preocupe, toda essa dor que hj parece dilacerante, só está te fortalecendo, você ira colher e perceber depois. Tudo passa, e eu posso afirmar. Sou prova disso. As perdas são alavancas doloridas, mas que vão te fazer sentido lá na frente! Espero que fique bem o quanto antes! Obrigada por participar e ler essas minhas singelas ideias! Seja sempre bem vindo!

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    2. Boa tarde Bárbara! Demorei a responder, porque não havia salvado nos meus favoritos o seu Blog, me perdi, sory! Senti a necessidade de te agradecer pelas palavras que escreveu aqui, muito obrigado! Entendi o seu ponto de vista e concordo, mostrei a minha humanidade, engoli todo e qualquer orgulho que pudesse ter, pedi desculpas TODAS as vezes que conversamos, nunca me posicionei em um canto como se não tivesse culpa, mas sempre no centro assumindo minhas responsabilidades. Mas fazer o que? Seguir é a única coisa que me restou, incrível como após 5 meses eu ainda derramo algumas lágrimas, alma gêmea é dolorido demais. Parabéns pelo seu novo emprego e carreira, te desejo sucesso e prosperidade na nova empreitada!

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