terça-feira, 29 de agosto de 2017

Debaixo de sete chaves....

Não era um dia promissor.
Era um domingo ao qual ela se sentia sozinha.
Seus pais haviam viajado, mas de certa forma, mesmo com eles por perto, sentia-se assim, pois o que a incomodava era justamente aquele estado de sentir -se só, ainda que rodeada de pessoas.

Tinha que levantar-se cedo para fazer duas coletas de exame de sangue.
Ao chegar no local, viu que só tinha levado uma guia.

- Bárbara sendo Bárbara! . Logo pensou, emburrada com si mesma.

Entretanto, não levou -se tão a sério. Já haviam tantos problema rondando sua cabeça que retomar o assunto do quanto era atrapalhada, só pioraria a situação. Fez apenas uma coleta e voltaria na próxima semana. Fazer o que?

Ao sair do laboratório, resolveu passar no lugar que frequentava, para fortalecer a si e a sua fé.
Chegando lá, deparou -se com o tema da palestra: "Lembra- te mais de ti mesmo."
Lá foi explicado que lembrar da gente, não é ser egoísta.
É lembrar das metas que você traçou para você. Metas de  conhecimento, metas de realizações, metas de aprendizado, metas de crescimento espiritual e refletir se o caminho que está percorrendo é seguro. Se o caminho escolhido é o caminho do amor,  ou se é um caminho por um desfiladeiro de infortúnios, traçados por você mesmo a partir de escolhas que causaram isso. Enfim: que andas semeando e o que esperas colher?

Ela saiu de lá melhor.
Um pouco menos solitária. Se sentindo acolhida e cuidada por Deus.

Porém, ao chegar em casa, abrir janela e encarar o dia maravilhoso que brilhava lá fora, algo ainda a incomodava. Encarou o sol e o céu azul e pensou:
"Que dia lindo para se ficar no sofá, vendo tv. Pena que é o que tenho para hoje!"

Acomodou-se e passou a zapear os canais, não encontrando nada em que sua atenção se detivesse.
Foi até a cozinha procurar almoço.
Não havia nada.

Pensou em seguida:
"Depois vejo isso. Nem estou com tanta fome assim... como qualquer besteira... que seja!"

Ao sentar no sofá novamente, pegou o celular.
Havia uma mensagem:

" Babi, o que está fazendo? Estamos indo almoçar no Embu, passo na sua casa em 15 minutos se quiser ir com a gente!"
Foi só o tempo de responder que iria!

Ela correu para o quarto, trocou de roupa... não se esqueceu de agradecer a Deus pelo convite, tão inesperado da Fernanda e do Leo.

Mais que um convite, tratou-se de um resgate de um naufrágio no sofá. De desperdício de tempo. Da sensação da solidão. Chegaram no Embu, conversaram, comeram, riram e mataram saudades.
Que dia gostoso afinal. Voltavam para casa em torno das 16:30. Assim que entraram no estacionamento, havia uma nova mensagem no celular dela.

"Babi, estou fazendo um churrasco em casa. Vem pra cá!"
e cinco minutos depois, a mensagem em seguida:
"Bá, vem!!!"

Após os amigos primeiros a deixarem em casa, Bárbara só entrou em casa para pegar a chave do carro e seguir em direção ao novo convite.
Que dia era aquele afinal?

Convites inesperados que faziam a se sentir bem e querida.
Foi para o churrasco, que foi delicioso e chegou em casa pra lá de nove horas da noite.
O dia havia enfim acabado.

A sensação de que Deus havia mexido seus pauzinhos para que ela tivesse um dia bom foi inevitável.
Anjos! Anjos chamados Amigos.
Quem os tem, tudo tem!
Gratidão definia.

Eles mudam sua vida. Eles modificam situações.
Eles querem sua presença.
E ela entendeu...quem a quer bem, está ali. Chama por ela. Busca por ela.
Faz ela se sentir amada e benquista.
Quer a presença e corre atrás.

Foi um dia para entender que o melhor da vida, é simples:
é amor. é leve. é presença. é valorização. é saudade. é estar ali, podendo estar em qualquer outro lugar. é escolha. é semeadura e é colheita. é Deus. falando com ela outra vez, definitivamente e sempre.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Sobre trilhas e rumos

Após dois meses que havíamos nos conhecido, estávamos passando o final de semana na cidade de Gonçalves em Minas Gerais.

Torcíamos para que o domingo amanhecesse com um agradável dia de sol, após um sábado com chuva e muito frio. Para nossa sorte, Santa Clara clareou e São Domingos iluminou. Planejávamos fazer uma trilha neste dia, colocamos a mochila nas costas e fomos.

Assim que chegamos na porteira de entrada, apareceu um cachorro, pra lá de carente. Pulava na gente e ficava cercando. Nos seguiu do começo ao fim. Em alguns momentos parecia indicar o caminho, familiarizado que ele estava naquele território. 

Confesso que às vezes, até nos assustava, entrando por umas árvores e do nada saindo de um outro lado, correndo e fazendo barulho.

O caminho percorrido era assim:

Uma trilha que parecia sem fim. Daquelas que inevitavelmente a gente segue em frente, já sofrendo pela volta. O caminho era firme em algumas passadas mas, escorregadio em tantas outras. 

Em alguns momentos precisava usar minha velha capacidade de observação para parar por alguns segundos e pensar aonde seria mais sensato pisar. 

Não cheguei até o fim. 
Fiquei com medo da altura. 
Empaquei, igual mula. 

Mas parada lá no alto, faltando só um pouquinho pra acabar, ouvindo sem aparelho o barulho do vento, já tinha pego o espírito da coisa. 

A assinatura de Deus estava no caminho. Em todo ele. 

A visão imagino, teria sido espetacular poucos metros acima, mas a vista, até onde meu limite mental permitiu, trouxe esclarecimento suficiente: 

Ele sempre nos guia lá do alto, mas ontem, estive com Ele aqui embaixo durante todo o trajeto, caminhando lado a lado. Afinal, Cara, com todo o respeito: pensou que eu não ia reconhece-lo, com sua fantasia de cachorro?!



O texto acabaria bem aqui.

Porém, ao relê-lo achei engraçado que a descrição da trilha, descreve também o meu companheiro neste roteiro. Igualzinho. Sem tirar uma vírgula.
Um cara firme, mas às vezes escorregadio.
Um cara que me faz parar empacada, observando aonde pisar com sensatez.
Um cara que carrega uma história assinada por Deus.
Um cara que não permite, ainda, que eu o veja por inteiro.
Um cara que não usa fantasia ou máscaras, porém, permanece escondido atrás de si mesmo.

Não sei por quanto tempo ele permitirá compartilhar sua vida comigo, mas deixo aqui registrado que até onde consegui ver deste cara, (assim como o que consegui ver da trilha), foi suficiente para me fazer sentir gratidão. Ele trouxe tantos pequenos momentos de felicidade que formaram um novo capítulo da minha vida, por mais que ele já tenha decidido seguir seu próprio caminho.