terça-feira, 9 de agosto de 2016

Ah! Quem me dera...

Dias atrás eu fui a um sítio de uma amiga comemorar o aniversário de 06 anos da filha dela.  Claro que toda família estava por lá, e como sempre acontece, o meu lado magnético positivo para idosos logo me fez simpatizar com o avô da tal amiga.

O pai do meu pai já era falecido antes mesmo de eu nascer. O pai da minha mãe... bom, esse está entre nós, mas devido a uma série de questões, se a convivência for uma vez ao ano, em um almoço de natal, já é alguma coisa.

Eu não tenho e nem tive avô. Aliás, taí uma coisa que não deveria faltar a ninguém. A nenhuma criança e a nenhum adulto! Vô e Vó, pai e mãe, tinham quer ser eternos! É pedir muito? Tive avós, mas se foram, uma quando eu devia ter uns 9, 10 anos, e a outra quando eu tinha em torno de 20.

Avós são pessoas recheadas de ternura, afeto e carinho. Quando ninguém mais aguenta ou sabe o que fazer, como super heróis, eles tem uma solução. Eles transbordam paciência e exalam amor por todos os poros.

Seu Alberto.
Esse era o nome do avô da minha amiga.

Com sua bengala, cabelo branco nas laterais da cabeça e a careca no centro, me ganha fácil a simpatia. Cheio de histórias para contar, é uma lembrança viva do passado. Sabedoria personificada. 

Assim era ele, e assim, costumam ser todas as pessoas velhas. Assim costumam ser todos os avós. 

Assim sou eu querendo ouvir o que eles tem a dizer e o que aprenderam pela vida inteira.

Eu já havia topado com o sr. Alberto diversas outras vezes, em outros aniversários por aí, e cada vez que o via, sempre me encantava.

Não foi diferente dessa vez.  Ao me ver tocando violão, tomando um pouco de sol sentada à beira da piscina, de longe me gritou:

“- Ei! Vem tocar pra mim. Quero ouvir. Sente aqui ao meu lado”

Lá fui eu, recolhendo as cifras espalhadas, juntando tudo rapidamente e pensando com meus botões, se teria habilidade para tocar alguma música para ele.

Sorrindo cheguei ao lado dele, logo me explicando:

- Senhor Alberto, ainda não sei direito, estava justamente praticando porque fazem apenas uns oito meses que faço aula.

- Não importa minha filha. Então faz o seguinte, treina aqui do meu lado.

Assim fiz, e enquanto Sr. Alberto jogava dominó, eu praticava uma música que o professor havia me passado na última aula. Não demorou muito, ele me falou:

- Sabe, eu gostaria de ouvir uma música romântica. Dessas que eu gosto! Gosto muito de Roberto Carlos.

- Vou ver o que consigo fazer por você!

“Como vai você? Eu preciso saber da sua vida! Peça a alguém pra me contar sobre seu dia, anoiteceu e e preciso só saber: como vai você!”

Aos trancos e barrancos, com pausas maiores do que a música pede, com dedos em cordas erradas e em casas trocadas, uma melodia parecida começa a soar.

Seu Alberto fecha os olhos.

“- Você toca suave!”
- Mas tá mais ou menos Seu Alberto! Não sei direito, é muito difícil pra mim ainda.
- Sim sim, eu imagino. Mas continue!

“Como vai você, que já modificou a minha vida! Razão da minha paz, já esquecida... nem sei se gosto mais de mim ou de você!

A música acaba, e vou praticando outras coisas, até receber um novo pedido.

- Tem uma que gosto muito! Beijinho Doce!
- Essa é fácil!!

Que beijinho doce, que ela  tem! Depois que beijei ela, nunca mais amei ninguém.

- Você sabe que essa música é tudo mentira, né menina?
- hahahahahaha!!! Ta meio forçada né Seu Alberto?
-Mas é tão linda!!

Que beijinho doce, foi ela quem trouxe de longe pra mim. Se me abraça apertado suspiro dobrado, que amor sem fim!

- Vou te falar uma que você tem que aprender: Luar do Sertão
- Deixa eu pesquisar aqui..... Ahhh seu Alberto. Essa fica pra próxima, não sei nem como começa!
-Então essa você tem que aprender mesmo!
- Combinado.

E lá fiquei tocando outras velharias românticas que pensei que lhe agradariam.
Após um tempo, acabou a bateria do meu celular, então já não poderia mais acessar as cifras pelo aplicativo.

- Chega seu Alberto! Agora não sei mais nada, e os dedos já doem mesmo.
- Então vamos ali, tá vendo aquele pé de laranja lá na frente? A gente pega as laranjas e pode fazer um doce.

Ele me fala a receita passo a passo, até chegar alguém que o solicita e o leva para outro canto da festa.
Mais tarde chega o cara de novo:

- Agora quero jogar dominó com você!
-Opa! Vamos!!

Nisso,  Guilherme, um neto dele de 05 anos aparece sentando-se na mesa querendo jogar também.

Seu  Alberto me olha com uma cara do tipo, “putz! Já era!”. Mas continuamos jogando, e ele deixa o netinho ganhar, perdoando quando o moleque joga na nossa vez, e até quando ele coloca um quatro num canto que deveria ser cinco e me olha novamente “faz de conta que não vimos!” e eu pisco assumindo cumplicidade na vitória do pequeno Gui!

Na hora de ir embora, fui me despedir, e ele disse:

- Volta! Você vai voltar, não vai, outras vezes?
- Volto sim! Claro! E com a música que você me pediu aprendida... !




quarta-feira, 20 de julho de 2016

Somewhere Over The Rainbow

Engraçado como as coisas se costuraram nesses últimos tempos.
Fechei o ciclo dos 28 anos, e iniciei os 29. 
O famigerado e último vinte!

Parece coisa pouca, ou bobagem, mas cada ano tem sua particularidade e acontecimentos. Muitas coisas podem mudar em um ano. Meu casamento nem esses 365 dias durou, por exemplo, e a partir daí, minha vida mudou totalmente...totalmente mesmo!

Eu mal consigo me lembrar do meu aniversário passado. Acho que não comemorei muito...lembro da família lá em casa, mas não me recordo de ser de fato uma data festejada por mim, como foi este ano. Tanto é verdade, quanto não consegui escrever nada sobre ele. Pesquisei minhas postagens, e em junho do ano passado, não houve qualquer  coisa escrita nesse período. Talvez não tenha sido um aniversário muito motivador...foi o primeiro sem o Kauê, e parece que vivi toda minha vida ao lado dele.

Mas esse ano, foi o contrário. Eu estava feliz com a chegada de um novo período. Estava esperando ansiosa pela chegada do meu dia. Comemorei como nunca havia comemorado. Nunca tinha parado pra pensar em como realmente, o aniversário era um dia especial. E neste ano, ao lado da minha família, e de tantos amigos, tantos amigos novos que só chegaram até mim, porque tudo deu tão corretamente errado...
Eu percebi que cada dia vivido, cada momento, cada minuto.... cada ano que chega é um presente de Deus e deve ser muito agradecido e aproveitado.

Quinze dias após meu aniversário, recebi uma notícia que esperei durante muito tempo: Vou trocar de emprego. Vou finalmente assumir um cargo público após ser convocada em um dos mil concursos tentados! Sem falar que já havia sido convocada para outros dois, mas por envolver o Kauê, nosso casamento e nossos planos na época.... tive que abrir mão deles. 

Preciso confessar, porém, que senti vontade de contar isso ao ex, afinal, ele viveu boa parte de toda essa luta comigo, me levou para uma infinidade de provas,  madrugamos junto e  esperou dormindo no carro por inúmeras vezes.

 Eu senti vontade de falar:

"Então, lembra de todas aquelas tentativas? Deu certo, finalmente!  E é engraçado como consegui, somente após você não estar mais aqui torcendo e vivendo isso comigo. Tanta coisa mudou...Mas saiba que apesar de ter tido vontade de compartilhar essa minha vitória com você, compreendo que talvez você não se interesse mais por essa minha novidade, afinal, tem sua vida para se preocupar, e eu acho isso ótimo, e é até recíproco! 

Espero que você esteja muito feliz aonde quer que esteja, e no final da contas só tenho a agradecer a Deus, por ter me dado a oportunidade de sair da minha zona de conforto, pessoal e profissional e me colocar em um projeto novo e desafiador, para que eu possa seguir crescendo mais e mais. Agradecer também por ter sentido um amor verdadeiro por alguém e por fim agradecer por te-lo perdido, afinal, meu querido, todos me falaram que "a vida continua", mas comigo não foi assim:

A minha vida não continuou...ela apenas começou..."
Somewhere over the rainbow, blue birds fly... And the dreams that you dreamed of, dreams really do come true =)

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Boa Noite Pérola!

Já tem algum tempo que a minha gatinha Pérola tem dormido comigo quase todas as noites!

Tem dias em que chego em casa, entro no meu quarto e a fofinha já está lá, deitada na minha caminha, toda folgada. Mas, normalmente eu vou subindo até os meus aposentos e a bonitinha vem vindo atrás, sobe na minha cama e fica ali me esperando deitar também. 

Quando finalmente me ajeito na cama, ela se aconchega, geralmente nos meus pés ou pernas. Fica por lá, até que meu despertador toque no dia seguinte e eu resolva levantar. Tem noite em que prefere dormir em cima das minhas costas, me obrigando a passar a noite de bruços, tem dia que dorme em cima da minha barriga, tem dia que fica perto da minha cara...enfim, essa pretinha é minha companheira noturna.


Mas não foi sempre assim... 
Ela começou devagarzinho...
Tudo aconteceu no tempo dela...

Tenho duas camas no meu quarto, e no começo ela dormia lá na outra... Sozinha!!!

Aos poucos foi chegando...chegando, trocando de leito até arriscar se encostar em mim. Mas eu não podia me mover sequer meio centímetro, pois qualquer esbarradinha na pobrezinha, já fazia a gata disparar quarto afora, medrosa que é!

Então combinamos assim: ela dormia ao meu lado, mas eu não podia me mover.
Acordei dias seguidos com dor nas costas. E outros dias seguidos nem consegui dormir direito pois não podia me mexer...afinal, não queria acordar a tal da gata.


Mas tinham noites em que eu não conseguia...precisava me mexer nem que fosse um titiquinho, pois já estava até sentido dor de tanto tempo numa posição só,  e quando ela começava a se levantar, eu a pegava, fazia carinho, e tentava colocar ela de volta aonde estava.

Claro que assim como a lei da física é que todo gato cai de pé, uma outra lei existente é  a de que é inútil tentar colocar um gato em algum lugar do qual ele já esteja saindo. O bicho não fica nem por reza brava. Ela saia, mas acaba voltando um tempo depois, novamente se aninhando, ronronando... e eu fazia carinho e falava "fica filha, tá tudo bem!"



Algumas semanas se passaram e a Pérola não tinha mais medo de mim quando me mexia debaixo da coberta. Hoje eu viro de um lado para o outro, esbarro, tropeço, a coberta passa por cima dela, e ela continua lá...inabalável. Por vezes, o Oliver também vem, e ficam os dois lá encostadinhos em mim.... Tirando sua sonequinha, sem medo de ser feliz. Sem medo das mudanças. Sem se assustar com o movimentos dos outros. Está segura, quentinha e nada mais do que eu faça, a afasta dali, do seu cantinho escolhido.

Só tem uma exceção, confesso que às vezes esqueço dela e estico a perna bruscamente, aí acabo chutando a gata com certa violência hahaha. Ai a bichinha fica ressentida, cai fora, e demora pra voltar...mas volta, e eu após pedir mil desculpas, também fico feliz da vida que ela tenha voltado pra se encaixar em algum vão ao meu lado.

Quero que seja sempre assim minha gatinha, que a gente aprenda superar as grandes e pequenas situações, a confiar, a se entregar, a se aconchegar no que faz bem e não fugir quando perceber que algo não seja tão seguro. Até porque não existe nada seguro no mundo. Os planos são meras expectativas, mas a cada segundo tudo pode sair do lugar. Não há controle algum...e já que não há controle, a vida é assim...descontrolada, louca, irônica e ela ri da nossa cara. Ri dos nossos planos!

Minha Perolinha precisou superar os medos para chegar num lugar confortável e que valia a pena para ela. Percebeu que mesmo que algumas movimentações da vida fossem inesperadas, não precisava fugir...ás vezes bastava apenas ficar, esperar e confiar... Foi capaz de aprender com toda uma situação que parecia ruim num primeiro momento.


A vida coloca tudo no lugar, e as mudanças e mexidas assustadoras acontecem o tempo todo. Se formos fugir de tudo que nos tira da zona de conforto, nunca desfrutaremos de uma noite de sono tão confortável e sossegada... pois a cada barulho e movimentação estranha, entregaremos os pontos e sairemos correndo.

Que a gente saiba como lidar quando tudo sai do lugar e estremece....que a gente nunca esqueça que depois da tempestade, vem a calmaria... que a gente não saia do eixo, quando a vida nos tira do eixo. Tudo passa e gira pra te colocar no lugar certo, aonde você tem que estar. Aonde você tem que chegar. Tudo acontece de forma que te coloque no caminho que você tem que trilhar, e não no caminho que você mesmo escolheu percorrer...

Há uma coisa Maior por trás de tudo, há um plano Maior acima dos nossos próprios planos. Não há como entender na hora, mas suspeito que o tempo seja um segundo aliado...

Obrigada por eu poder  te dizer "boa noite" e  fechar os olhos, assim como abri-los e poder dizer "bom dia!" para você minha companheira, minha florzinha pretinha. Minha jóia, minha Pérola!!

terça-feira, 7 de junho de 2016

No Pressure over Cappuccino

Aconteceu que na época da crise no relacionamento, pouco tempo antes dele decidir pela separação, eu havia conversando com um casal de amigos nosso, que além de amigos, eram primos dele e padrinhos do nosso casamento. Pessoas incríveis, que estiveram com a gente sempre, nos bons e maus momentos, até que o divórcio os separe.

Esse casal querido ao saber que nossa relação estava de mal a pior, nos convidou para tomar um café na Starbucks em uma noite fria de inverno. Era um clima literalmente frio tanto fora, quanto dentro de casa. E o inverno da nossa convivência doía, me fazendo acreditar, na época, que a dor jamais passaria.

Tentaram fazem a gente conversar, tentaram ajudar, tentaram dar conselhos e fazer a gente se acertar, coisa que eu já não conseguia fazer com sucesso há muito tempo. Além disso, nos acolheram e fizeram a parte deles. Tenho imensa gratidão por estarem ali quando tudo desabou, e por tentarem fazer tudo não cair. 

Foi uma noite de tentativas no Starbucks. Cafés esfriando, canudos mordidos e nada resolvido. Foi uma noite do começo do fim. A separação acabou de fato sendo concretizada algumas semanas depois, e o divórcio propriamente dito aconteceu em seguida.

Num dia desses nublados, houve uma determinada data em que ele me telefonou.

- Oi tudo bem?
- Oi, tudo bem sim e você?
- Eu também!....(pausa) Olha, precisamos conversar sobre como as coisas vão ficar, detalhes da separação, a mudança, o apartamento...
- Ah sim! Claro, precisamos sim.
- O que você acha de hoje a noite?
- Por mim, tudo bem. Aonde?
- Que tal no Starbucks?

E novamente, a cafeteria seria palco de diálogos doloridos e enfadonhos que machucariam os corações, e que fariam o café ter um sabor ainda mais amargo do que de costume. Era uma quarta- feira. A Starbucks era aquela, ao lado do estádio do São Paulo, time que jogaria naquela noite. Eu estava a caminho, quando o celular tocou.

- Oi, você já saiu?
- Oi, sim, já estou chegando.
- Melhor irmos para outro lugar, está muito trânsito, além do mais, aqui está lotado, podemos ir ao shopping?
- Ah ok! Tudo bem, vou fazer um retorno e te encontro lá.

Quase. Quase a Starbucks carregaria esse peso do encontro dos ex - casados em acerto de negócios.

Após alguns meses separados, surgiram as crises de saudade, culpa, remorso e dúvidas se havia feito a coisa certa e em um dos seus acessos de melancolia, ele me ligou convidando pra conversarmos, nos ver, contar um ao outro como ia a vida e sentir se era isso mesmo que ele queria.

- Vamos no Starbucks, que tal? - Ele sugeriu.
- Ok, pode ser.

E lá estávamos os dois, dessa vez sozinhos, ele tentando descobrir se não havia se precipitado em sua decisão, e eu com dificuldade de deixa-lo ir e tocar a própria vida. Mais pra frente, ele iria descobrir que não havia precipitação e que estava certo. Assim como eu também conseguiria retomar a vida com muito mais vigor do que jamais tivera. Eu não sabia, mas seria feliz de novo, ainda que aquele dia, pensasse que só seria se fosse ao lado dele.

Nunca mais depois, eu havia ido aquele Starbucks estigmatizado. Talvez por falta de oportunidade, talvez por lembranças ruins, talvez por eu nem gostar tanto assim de café.

Até ontem. 

Ontem me perguntaram se havia um lugar legal para ir perto da minha casa....não precisei pensar mais que 10 segundos.

- Tem sim! Tem um Starbucks aqui perto.
- Legal! Te pego na sua casa e vamos lá.

E lá dentro, depois de tanto tempo...

-Vamos no andar de cima, lá tem um sofá tipo dos Friends.
- Gostei muito daqui! Você escolheu bem!
- Sabe...Eu adoro este lugar!

E o tempo cura, sara, remedia. A vida continua, o passado passa e o presente é de fato um presente. As lembranças ruins viram lembranças apenas. A dor cessa. O inverno chega, e é só do lado de fora. O frapuccino ainda que gelado, esquenta lá dentro. O paladar se refina! Os lábios sorriem e a vida escreve seu nome em outro copo...


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Avanti

Jogo futebol já tem pouco mais de um ano, mas tem apenas algumas semanas que estou firmada em uma posição: ala direita fundo, quando no esquema 2x2.

Resumindo: zagueira. 

Minha função é impedir que as atacantes do outro time façam gols, ou tenham oportunidades de fazer finalizações.

No último jogo eu estava empolgada. Chegava entrando, marcando, correndo, fazendo o possível para cobrir quem estivesse no meu setor, para que não passasse de jeito nenhum. E consegui fazer isso até que bem. Só que aconteceu algo que me fez pensar...

Numa dessas marcações na atacante do outro time, consegui não deixa-la chutar ou cruzar, e afastei a bola para fora com um último toque meu, e lá foi ela pra escanteio. Fiquei feliz por ter conseguido impedir a jogada da menina, até que poucos segundos depois, o time delas cobrou o escanteio e fizeram um gol.

Na hora veio uma sensação de culpa, afinal, foi de uma jogada minha que o escanteio foi criado. Mas depois o professor disse que é assim mesmo, que o importante é a jogada na hora. Naquele momento meu objetivo era simplesmente fazer com que não houvesse chute ao gol, e isso foi conseguido. A jogada em seguida, são outros quinhentos.

Ainda em quadra, me veio a sensação de que eu precisava escrever sobre isso. Precisava entender de vez, que sim, é assim que acontece no jogo de futebol, e é assim que acontece na vida!

De novo, eu estava fazendo tudo "certo". Segui o roteiro rigorosamente como o professor ensinou e  fiz tudo como tinha que ser feito. E em seguida, em um movimento inesperado, todo o esforço não foi suficiente para impedir um derradeiro gol do adversário. No final das contas, perdemos de 1 a zero.

Acertar o posicionamento, cumprir o objetivo...nem sempre isso é suficiente para que se ganhe uma partida. Um jogo de futebol é imprevisível. A vida é imprevisível. No momento que a gente acha que está fazendo a coisa certa, de repente vem a vida, dando uma de Alemanha sobre você e te metendo 7 gols, que  nem dá pra saber da onde vieram.

Porém, apesar de tudo, depois que a gente toma um gol, a gente volta pro meio do campo com a bola no pé. É isso....
A vida te  dribla e te goleia o tempo todo, mas a cada gol desse, a bola volta pro jogo. Temos a vantagem de recomeçar e repensar as estratégias usadas até ali. Sempre temos a chance de começar de novo, com calma, revendo a tática, reconsiderando posições, fazendo substituições, enfim, descobrindo os erros que  levaram a tomar na cabeça e tentar corrigí-los.

O jogo só acaba quando termina, e toda hora é a hora da virada. O controle emocional é tão ou mais importante do que técnicas em si e o próprio talento. De que adianta deter mil habilidades, se no 1 a zero, achar que não dá mais pra ganhar?  Porém, de que adianta acreditar na vitória quando se está perdendo, e não ter aprendido nada a cada gol que tomou para conseguir alcançar o adversário?

Entendo cada dia mais, que viver o presente, é o melhor a se fazer, tanto na vida quanto no jogo. Não precisa se ter medo de um time, talvez por que já tenha perdido pra ele antes, porque cada derrota te alavanca pra frente, e o próximo jogo pode ser diferente, depende de ter se esforçado para aprender as lições que toda derrota traz. Assim como já ter ganhando de um time e ir confiante demais pro próximo jogo contra ele, faz mal. Tudo muda o tempo todo no mundo...o que importa é o momento presente, sempre!
Sempre dá pra recomeçar. To aqui pra provar. Sobrevivi a maior goleada que tive na vida, depois sobrevivi a outra derrota de campeonato e sigo em frente!

O meu time caiu pra segunda divisão e voltou mais forte, e não to falando do Palmeiras...

Talentos

terça-feira, 3 de maio de 2016

Sobre Pietra e outras pedras preciosas

Ontem eu estava preguiçosamente assistindo à minha novela, enrolada num cobertor bem quentinho.
A novela acabou e o controle remoto estava inatingível ao meio raio de alcance. Começou um jornal, e eu fui assistindo, até chegar uma notícia que me fez pensar em você, Pipinha.

Era algo sobre a comemoração de aniversário de um ano da princesa Charlotte. Essa menina linda, ganhou muitos presentes, entre eles, um chocalho de ouro branco incrustado com diamantes, rubis e safiras.



Minha Pipinha, não se engane. Olhando assim, parece que isso é algo muito legal. Mas não é não sabia? Até perguntei pra minha mãe, o que uma criança iria fazer com isso, já que brincar não pode, corre o risco de engolir uma pedrinha dessas, é muito perigoso... e ela respondeu:

-"Talvez os pais irão guardar de lembrança!"

Ah não Pipinha!!! Sabe as lembranças que quero guardar dos meus filhos que um dia vou ter, e de você?

Daquele teu sapato emporcalhado com lama na sola, naquele dia em que você foi marcando pegadas sujas no chão. 

Quero lembrar daquele teu vestido branco de renda, manchado da tinta que dava cores aos teus pensamentos e imaginação. 

Guardo na memória aquela tua cicatriz no joelho, ganhada no mesmo dia em que resolveu tirar as rodinhas da tua bicicleta da Barbie.

Gosto daquela blusa amarela rasgada de tanto que subiu em árvore e se enroscou nos galhos pra pegar fruta no pé.

Lembro daquela imagem do teu sorriso com janela e boca suja de sorvete de chocolate. Mão lambuzada e grudenta. Abraço pegajoso, e beijo com hálito doce manchando minha bochecha de marrom.

Gosto daquele ursinho teu, sem olho coitado, de tanto que foi arrastado pela casa e pela rua, que te acompanhava quando fazia exame de sangue e dividia teu sono e teu cobertor. Falando em cobertor, aquele teu cheirava a salgadinho e leite derramado, tinha pelo da sua cachorra e migalha de biscoito. Ah esse cobertor sim, é uma boa lembrança para se guardar.

Minha Pipinha, quero que você consiga aproveitar essa vida, da forma mais simples possível.

Que você não se assuste com a imensidão do mar, e caso isso aconteça, que tenha sempre uma mão dada com a tua para encorajar a entrada.
Que não se aflija quando a água gelada bater nos teus pequenos pézinhos, porque depois que a gente se joga, o frio passa, e consegue brincar e aproveitar a tarde toda num banho salgado. Quando o frio chegar, estenda tua toalha na areia, deita, e espere o sol fazer o trabalho dele. Ele vai te esquentar de novo. Ele sempre estará lá, mesmo que teu dia seja escuro na tua cabeça, lá fora, sempre haverá luz.

Faça teu castelo de areia minha menina, mas não fique triste se a água vier de repente, e destruir a base da tua construção. Isso acontecerá muitas vezes na tua vida toda. Você construirá muitas coisas e irá perdê-las, mas isso é assim mesmo, e a areia é infinita, você pode começar a construir de novo quando quiser. Se estiver cansada, acredite, sempre haverá alguém disposto a te ajudar, e cada castelo destruído, te dá experiência para construir outro mais bonito. Mais forte. Mais seguro. Mais longe da água. 

Sobe naquela gangorra minha menina, e perceba que a vida flui exatamente desse jeito. Momentos lá embaixo, momentos lá em cima. Essa é rota da vida. Quando estiver embaixo, precisará de todas as forças de tuas perninhas para voltar pra cima. Quando estiver em cima, aproveite a visão e a paisagem. Viva o momento presente, se segure no teu apoio para não cair. Você tem muitos apoios, e não esqueça, eu sou um deles quando precisar.

Tenha coragem minha princesa. Sobe a escada daquele escorregador, e quando chegar lá em cima, não tenha medo, não desista. A vida precisa de coragem. Precisa que a gente se jogue nela, precisa que a gente corra riscos, precisa que a gente enfrente limitações, muitas vezes, criadas por nós mesmos. Vem minha linda! Te espero logo ali embaixo.

Corre pra aquele balanço vazio minha criança, senta, segura com tuas pequeninas mãos na corrente. Teus pés não alcançam o chão ainda, então precisará de alguém para te empurrar. Você terá muitas pessoas, mas pode me chamar. Vou te impulsionar com cuidado, apoiando minha mão nas tuas costinhas, e ver feliz, enquanto você vai e volta. A vida é assim minha Pipinha, a gente vai, mas sempre pode voltar. Escolha teus caminhos, e se achar que precisa voltar, volte. Se não souber, me peça que eu te busco. Se achar que precisa ir, vá, se não souber ir, me chame que te levo. Te cuido minha Pipinha!

Pula na piscina de bolinha, e desbrave todo o caminho possível. Veja as cores que o mundo trás. Faça farra minha querida. Joga as bolinhas pra cima, jogue em mim. Aproveita cada segundo. Se esconda lá no fundo, apareça pulando, que nem peixinho no lago!

Veja menina, que o melhor da vida, são as coisas tão mais simples. Promete pra mim que vai caçar borboleta e soprar bolha de sabão no parque? Promete que vai comer besteira vendo desenho abraçado com alguém que você ama? Promete que vai agradecer ao papai do céu pela vida simples que você tem, todos os dias? Promete que vai tomar banho de chuva e correr com os bracinhos abertos e só voltar pra casa quando o cabelo estiver pingando encharcado? Promete que vai assistir ao nascer do sol e a um por do sol? Promete que vai dar carinho a um bichinho de rua e doar agasalho para um menino de rua também? Promete que vai acreditar em papai noel e acordar ansiosa para procurar o presente que ele deixou? Promete que vai deixar uma joaninha andar na sua mão? Promete que nunca vai deixar de acreditar num sonho e que vai ser feliz sem colocar tua felicidade na mão de ninguém?

Seja sempre pura e ingênua de coração minha pequena, que o dinheiro e poder não te iludam os olhos. O que realmente importa é o tudo tão mais simples. Ah minha querida Pipinha... não se engane: esse brinquedo da princesa não tem graça nenhuma.
Legal é aquele seu chocalho feito com alguns feijões dentro de uma garrafa vazia de xampu, que tua mãe, tão criativamente inventou. Esse brinquedo, é exclusivo, foi confeccionado especialmente para você, incrustado com uma joia invísivel aos olhos, amor. 
Amor materno. O maior de todos. Mais valioso que todo o ouro amarelo ou branco, mais reluzente que diamante, mais vermelho que o mais caro rubi e mais inestimável que safira.

Eu te amo Pietra, minha prima, minha Pedra Preciosa!


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Fim de Caco!

Era uma vez, uma menina chamada Bárbara.
Era uma vez um sapo chamado Caco.

Caco era um sapo de pelúcia, verde, barrigudo, com longos braços e pernas.
Possuía na extremidade de seus membros, poderosas ventosas, para que pudesse ficar grudado em janelas e vidros em geral.

Caco chegou nas mãos de Bárbara, há muito, muito tempo. Fora presente de seu namorado em alguma ocasião especial e se pertenciam há uma provável década. Caco era daqueles bichos que ficavam no quarto da menina, enfeitando a cama e dando ares de descontração e aconchego ao cômodo.

Houve um tempo em que fora promovido. Caco não seria mais um bicho de cama, como tantos se limitam. Bárbara havia mudado de casa, e agora tinha uma varanda em seu novo quarto. Caco agora seria um bicho de janela. E assim, por lá ficou pegajoso que era, agarrado no vidro. Gostava de cumprimentar as pessoas do outro lado da sacada, de admirar o clima, e podia, afortunadamente assistir o nascer do sol e o nascer da lua no céu. 

Caco era um privilegiado mesmo, pois conforme os anos passavam, e a menina crescia, continuava sendo promovido. Bárbara adquiriu seu primeiro carro, e agora Caco tinha um novo lugar. Passou a acompanhar a menina por onde ela fosse. Seu novo espaço era sentadinho em uma superfície acima do porta luvas.

Caco descobriu inúmeros caminhos e rotas, passou a escutar música, a ler placas e pegou gosto por viagens. Por vezes, até relaxava e dormia, caindo do seu cantinho, principalmente em curvas acentuadas ou grandes subidas. Mas era que nem criança, dormia e quando acordava estava, como mágica, na sua caminha de volta. Não se lembrava nem de Bárbara parando no farol, pegando-o, dando alguns tapinhas pra tirar qualquer sujeira, e o recolocando em seu lugar.

Uma das viagens preferidas de Caco, foi quando Bárbara e seu marido, (sim, os anos continuavam passando, e a menina havia se casado com o tal namorado), foram para Aparecida do Norte. Na verdade, o sapo não foi a essa viagem, pois o casal havia ido com um outro carro. O que fazia Caco ter gostado mesmo assim dessa jornada, é que a menina havia comprado muuuuitas fitinhas daquelas coloridas, de Nossa Senhora de Aparecida. E adivinhem só? Ao chegar de viagem, Bárbara pegou as fitinhas e as amarrou em Caco, que agora além de Sapo Oficial de Companhia, era novamente promovido. Caco agora seria uma espécie de Sapo Amuleto Oficial de Companhia. 

O que eles não sabiam é que depois de grande e adultos, a própria vida ensina que ela transcorre de forma autônoma. Muitos planos feitos não saem do papel, assim como outros nem sequer imaginados, e melhores que os supostos, se realizam. A lei da vida é que a vida não tem lei. As coisas simplesmente acontecem, fogem ao controle, que na verdade também nem nunca existiu.

Na vida da menina Bárbara dessa forma aconteceu. Caco já estava achando esquisito que era apenas Bárbara quem dirigia o carro, assim como começou a estranhar ver a menina em lágrimas quase todas as vezes que entrava no carro e ligava o rádio. Músicas a faziam chorar, e ela já não mais dançava quando o ritmo era animado. Algum tempo depois, Caco percebeu do que se tratava. Entendeu que a garagem havia mudado...entendeu que o caminho de volta pra casa também não era mais o mesmo e que havia um banco vazio. Muita coisa estava fora de lugar, e ele ainda estava ali, firme e forte, acompanhado a menina em seus passos desnorteados como nunca foram. E seguiu com ela ainda, durante mais um ano e meio de aventuras a sós.

Outra coisa que aprenderam juntos é que chega um momento na vida em que é preciso desapegar. De pessoas, de objetos, de sentimentos, de comportamentos, de coisas que não fazem bem, de coisas que fazem mal, de coisas que já não servem e também de coisas que nada acrescentam, até daquelas que já nada acrescentam mas que também não diminuem: coisas dispensáveis.

E foi por isso Caco, foi por entender que tantos anos de companhia foram incríveis e prazerosos, que a menina fez o que fez. Ela agradeceu por todo esse tempo juntos e o levou para um lugar onde poderia ser novamente útil e proveitoso. Bárbara desamarrou as fitinhas do sapo, o embrulhou numa sacola e o levou para um bazar da Igreja que frequentava. Lá ele seria vendido ou até doado para alguma criança que precisasse dele, como um dia a menina precisou. Caco ficou triste no começo, sentiu-se abandonado, até mesmo porque chegou a conhecer o novo companheiro de sua menina: o gato Marley.

Marley é um gatinho preto, que recebeu esse nome por ser a mistura entre o nome Marcel e Leylanne, que são dois amigos que Bárbara fez durante sua nova fase de vida. Marcel foi quem percebeu que Caco já não cumpria mais o papel de melhor companheiro talismã e entregou Marley para a menina, explicando que essa nova fase pedia sutis mudanças...

Naquela noite, voltaram os três juntos. Caco dividiu o seu espaço acima do porta luvas com Marley. Conversaram durante apenas 15 minutos, mas foi o suficiente para se tornarem amigos. Um entendeu o porque do outro, e Caco enxergou que não estava sendo trocado ou deixado. Ele apenas tinha que ir. Havia chegado um momento em que a troca simbólica de companheiro era importante para Bárbara, por mais que ela não tivesse percebido sozinha. Entendeu que isso seria o melhor para sua menina, e por amá-la, deixou - se ir sem mágoas, assim como Bárbara o levou aonde Caco poderia haver de ter uma nova pessoa que cuidasse dele como ela um dia cuidou.

Caco com certeza está feliz onde estiver.
Marley tem muito mais sono do que Caco.
As fitinhas ainda não receberam um novo local para serem amarradas.
Marcel e Leylanne são namorados.

A reforma nunca acaba.
A vida recomeça para os três!

Fim de papo.
Fim de Caco.

Caco: Obrigada pelas aventuras!!!!

Marley: Bem vindo!! Are You Ready?! =)

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Ajayô!

Nos últimos três meses, minha maior preocupação quando notava que um domingo estava se aproximando, era se eu conseguiria assistir ao The Voice Kids. Ao perceber que eu não poderia estar deitadinha no meu sofá para apreciar as talentosas crianças ao vivo, assistia pela internet mesmo assim que arranjava um tempo livre durante a semana. Bom, o fato é que eu nunca perdia a nenhum episódio.

Umas semanas atrás, estava acontecendo as eliminatórias para a semi final.
Foi  meio triste!

Só tinha candidato bom. Crianças especias dotadas do dom do cantar e de emocionar a gente que é mais sensível, que chora  até com comercial de banco de dia das mães. Foi difícil pensar que pessoinhas tão capazes, teriam que ir embora. Eu não era capaz nem de torcer. Não havia como torcer para um só. Todos que estavam ali eram valiosos, interessantes e dignos de vitória.

Isso porque outros tantos, muito bons também, já haviam ido embora em outras semanas.
Essas crianças cantavam, eu me derretia, chorava ao ver também, o close na cara dos pais, que tinham olhos lacrimejantes e sorriso bobo na cara de verem seus pequenos dando literalmente um show de doçura e pureza em cima de um grande palco.

Enfim...
Chegava a hora em que os juízes precisavam escolher quem ficaria e quem sairia.
Era nítido que eles ficavam desconfortáveis, se emocionavam, enrolavam...porque era realmente difícil decidir. Mas precisavam fazer isso! Teriam que encontrar critérios, detalhes que fariam alguma diferença entre os candidatos.

Eu ia assistindo e ficando muito nervosa quando escutava essas frases:
"Vocês todos são incríveis, mas..." "Tem muito futuro pela frente, sua voz é maravilhosa, mas...." "Fico arrepiado, MAS... vou escolher o outro fulano".

Eu me perguntava..."Ora essa!!! Eles ficam elogiando, mas se é assim esse candidato tudo de bom como ele diz,  porque que não escolheu ele? Porque escolheu o outro?

E aí, esses dias, bem no dia da final do programa, de repente tudo fez sentido!
Me peguei pensando na minha vida, e em frases que ouvi mais de uma vez, por pessoas que no final também escolheram outras. "Você é incrível!" "Você merece muita felicidade", "Você é única!", "Você é especial!"

E eu entendi o que estava acontecendo.
As crianças eliminadas eram boas sim! Isso era incontestável!
O fato de não chegarem ao final da competição, ou de não terem vencido, não lhes tirava o valor e o talento que possuíam. Pelo contrário!

Aquilo o que viveram foi especial, e uma provável alavanca que vão empurrá-las para outras oportunidades em que poderão saírem vitoriosas! Porém, não significa que até chegarem lá onde querem, não receberão outros vários e doloridos "nãos". O que fará a diferença afinal, será se essa criança terá estrutura para não desistir, se conseguirá reconhecer seu valor, se irá aprender com os erros, com os "quases" e  aprender com o não, mesmo que não se entenda o porque deles.

Elas precisam seguir em frente! Elas cantam muito! Elas não podem parar! Elas não devem parar, porque elas chegarão sim, muito longe, e se mantiverem os pés no chão e a coragem para continuar encarando a vida, o palco, a plateia, e os jurados, poderão andar por caminhos de êxitos e triunfos.

Elas só precisam continuar treinando, cantando, se dedicando, aprendendo, por que são de fato incríveis, e portas estão e estarão abertas! Talvez não ali, naquele momento, como elas queriam, imaginaram e esperavam, mas outros caminhos serão trilhados e elas vão chegar lá onde querem, e vai ser lindo...porque não tem como ser diferente.

As coisas nem sempre funcionam no nosso tempo. Para escrever esse texto, estou há semanas, só porque sabia que mexeria com coisas aqui dentro do coração, que eu não queria cutucar. Mas elas precisam ser cutucadas e encaradas, para que sejam curadas e cicatrizadas.

Essa molecada, cada uma delas, têm seu valor, e por mais que não tenham ganhado o troféu, ou não tenham sido a escolha final, é nítido que todas tinham potencial. E obrigada! Obrigada por me fazerem perceber, que as coisas acontecem mais ou menos assim, na minha vida também! Eu também já ouvi alguns nãos, que doeram, porque vieram carregados de muita energia, de "quase".... mas  vocês me fizeram ver que sim, eu também tenho o meu valor! Eu também tenho potencial! Eu também devo ser de fato, "incrível", como disseram, mas o meu lugar não era ali, naquele lugar, com aquela pessoa! As pessoas fazem escolhas o tempo todo, e naturalmente, algumas não são as mesmas que as nossas.

Mas daqui, de longe... vou continuar tocando meu violão, aprendendo, me reconstruindo e me reconhecendo, e entendendo que o NÃO de alguém, acontece muitas vezes, para que a gente aprenda a dizer SIM para gente mesmo.

O não de alguém,  pode parecer injusto e vai doer, mas no final a gente acaba descobrindo de um jeito ou de outro, porque as coisas são como são e aprende que está onde devia estar.
Aprende que o não de alguém, vem pra ensinar que a vida não é tão controlável como queríamos.
Aprende que o não de alguém, dói, mas que se aprende tanto com ele, que talvez, valha a pena!
Aprende que o não de alguém, será um sim em algum outro lugar, em outro tempo, desde que se saiba lidar com ele.

Essas crianças estão aprendendo isso tudo com menos de doze anos, isso é muito fantástico! Eu mesma demorei vinte e oito para entender um pouco disso tudo e pra entender que há muito mais para ser compreendido.


Quem sabe eu ainda sou uma garotinha...

quinta-feira, 24 de março de 2016

Toca Raul!

Dias atrás estava lançada uma modinha no facebook: era um pequeno teste com perguntas e respostas pessoais que a gente responde e depois passa pros amigos responderem também e vemos quem conhece mais a nosso respeito.

Conforme a galera foi respondendo, eu ia acompanhando o ranking!
Tinha gente indo bem, tinha gente não indo tão bem assim, e tinha gente indo mal.

Acabei criando uma confusão na minha cabeça.

Afinal, seria melhor que todo mundo fosse bem e gabaritasse um quiz sobre mim ou que todos errassem e não soubessem nada sobre essa pessoa aqui que vos fala?

Na primeira opção, se acertassem tudo,  me sentiria muito exposta. Completamente óbvia e esperada.
Como se eu não pudesse surpreender ninguém. Como se eu nunca pudesse ser como a esfinge: "Decifra-me ou te devoro". Porque todo mundo me decifraria, eu seria tão transparente como a mais clara das águas e morreria de fome.

Na segunda opção, se errassem muito, também me sentiria desconfortável. Se ninguém sabe nada sobre mim, é porque não estão conseguindo ver com clareza quem eu sou de verdade. Isso indicaria um problema meu de não estar transmitindo nas minhas atitudes, autenticidade... e sei lá, talvez um minimo de coerência e lógica.

Quando você não sabe muito sobre uma pessoa que você convive, a sensação é a de que ela seria uma caixa de surpresas. Bom, pra mim isso é meio ruim...esse negócio de nunca saber como o outro vai reagir ou agir, ou o que vai pensar ou deixar de pensar. Não quero ser uma daquelas pessoas que fazem os outros imaginarem " Como será que ela estará hoje!?" Não gosto disso. Conheço pessoas que são desse jeito, e a sensação que elas me trazem remetem a um pouco de dissimulação. Sei lá!

Não é preciso quebrar muito a cabeça, na verdade... porque o ideal está na cara! Equilíbrio entre uma coisa e outra. Entre que o que se mostra e o que se esconde. É poder surpreender, ao mesmo tempo que o teu melhor já tenha sido descoberto e esperado, assim como o teu pior.

Pensando bem , esse texto é uma grande bobagem!
O que as pessoas esperam, pensam, supõe e cogitam sobre nós, são problemas e expectativas alheias.
Não estamos aqui para corresponder a elas. Pelo contrário. Muito pelo contrário.  Cada um de nós, passa por momentos muito particulares de descobertas e aprendizados, de respeito a si mesmo e nos ideais que acredita...e no que somos capazes de fazer naquele dia.

O ideal é ser translúcida!!
É deixar que vejam que existem coisas por trás...só que na verdade, nunca haverá tanta nitidez!


Que acertem!
Que errem!
Joguem!
Descubram sobre mim as respostas daquele dia, enfim!
Por que elas são instáveis.
Mudo e me modifico a todo momento.
E por isso, translucído... porque podem me ver, mas a clareza sempre será imprecisa. Depende da minha luz e em como ela reflete em você, e como resultado disso, a sua imagem sobre mim será criada.

E uma imagem, por mais transparente que seja, nunca será uma cópia fiel. Por que ela só representará, aquele segundo, aquele instante em que foi formada.
Em seguida: Transformação!

Obrigada Raul!
Agora entendi sobre o que tudo isso se tratava afinal:
Eu também prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo!

quarta-feira, 16 de março de 2016

Março. Com M de Mês da Mulher


A querida e visionária Simone de Beavouir, sabiamente disse:
"Não se nasce mulher. Torna-se mulher".

Aconteceu assim comigo.
Nasci há 28 anos atrás, espécie humana do sexo feminino.

Não, não nasci mulher. Me tornei mulher.
Aliás, acho até que fico me tornando mulher todos os dias, e definitivamente, a evolução começou somente após os 27 anos de existência.

O que eu era antes?
criança. menina, num corpo de mulher.

Ser mulher é ter a coragem de recomeçar todos os dias. É acordar com o despertador, e antes de abrir os olhos, o cérebro feminino lhe trazer o nome do cara, e ainda assim, levantar e tocar a vida como se nada estivesse acontecendo, como se o neon não estivesse piscando lá dentro. 

Ser mulher, é ser o próprio sol quando o dia amanhece nublado. Esperar alguém fazer o seu dia brilhar para espantar as densas nuvens cinzas por você, é coisa de menina. Esperar alguém trazer o guarda chuva para você não se molhar quando chove, é coisa de criança. 

Ser mulher é correr na tempestade. É se proteger do temporal com o que tem na mão. E se não tiver nada nas mãos, é atravessar correndo, molhar o sapato, desmanchar o penteado, deixar a blusa transparente, tremer de frio, mas chegar. Chegar em algum lugar seguro e se abrigar. Esperar que esse lugar seguro seja uma pessoa é coisa de menininha. É a mesma coisa que se proteger de raio embaixo de árvore. O lugar seguro é um lugar nosso, lá dentro de si. Muito mais perto do que se imagina.
Ser mulher é se abrigar na gente mesmo. É morar dentro da gente.
Às vezes, esse nosso auto-abrigo falha e  deixa passar uma gota ou outra da chuva ou até uns buraquinhos deixam passar muita, muita água. Mas ser mulher é isso. É fazer a reforma sozinha, procurar os buracos, pegar as ferramentas e ir lá tapar. É aprender a consertar. Ser mulher é aprender a resolver os próprios problemas.

Ser mulher é parar pra almoçar, mesmo sem fome nenhuma, porque já aprendeu que por mais que o estômago não aceite, o corpo precisa de energia para todo o resto do dia. Deixar de comer é que nem greve de fome, coisa de menina. Ser mulher é se forçar a manter a rotina, mesmo quando o corpo não quer corresponder ao que é pedido. Ser mulher é fazer o que é certo, e não o que é fácil.

Ser mulher é pedir socorro. É chamar aquela amiga que pode trazer alívio com palavras bonitas de ouvir. Ser mulher é acreditar e ter esperança de que tudo muda pra melhor, e que cada experiência mal sucedida, faz a ponte entre mulher e menina.

Ser mulher é  ter que sorrir para o mundo, quando o coração grita de dor. É dar o melhor de si, é fazer novos planos sem necessariamente ainda ter esquecido os velhos.
É atender um cliente sorrindo, por que ele não tem culpa e nem noção da dor que teu peito carrega. 
Ser mulher é sentar no chão e ouvir o que uma criança tem a dizer, como se os pedaços do teu coração estivessem intactos e disponíveis para aquilo. 
Ser mulher é dizer por favor, obrigada, com licença, mesmo quando o peito inflamado de angústia e dor, não se importa com nenhuma dessas palavras, e você só quer ficar calada.

Ser mulher também é comer chocolate escutando aquela música que piora tudo. Por que mulher não é de ferro. Ser mulher é ser um pouco menina e um pouco criança também, às vezes. É querer colo de mãe, que também é mulher, que também já passou provavelmente, por tudo isso que a gente passa.

Ser mulher é saber a hora de sair de algo ou de uma relação que não faz bem. É difícil ser mulher, porque não adianta saber a hora de sair, olhar no relógio, ver a hora chegar e ficar. Querer brincar só mais 10 minutinhos, é coisa de criança. É fácil se confundir, por isso ser mulher é pegar a mala e ir no tempo certo.  Ser mulher é ter que decidir entre ir ou ficar, e suportar a decisão. Ser mulher é assumir a responsabilidade da escolha. É saber a hora de parar e dizer não para alguém que não diz sim para ela.

Ser mulher é chorar, sentir, e doer. É também rir, pensar e curar. 
Tudo num dia só.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Saudade tem gosto!

Hoje o pessoal do trabalho quis ir em um restaurante novo que inaugurou faz pouco tempo lá no condomínio empresarial. Apesar de ser um pouco mais caro do que nos costumamos frequentar, resolvemos experimentar, afinal, estava sendo muito bem falado e visitado.

Era self service! Tudo fluia como sempre. Dá uma geral, vê o que tem de bom, escolhe lá as preferências frente as opções, monta seu pratinho, pesa e senta á mesa com os colegas.

Foram necessárias duas garfadas apenas!
Duas garfadas que fizeram a minha fome sumir, minha cabeça girar, meus pés afundarem no chão.

É que na primeira, o sabor que eu senti, me remeteu até um bar, lá em Pinheiros que fui com você, Antônio. Minha memória gustativa já tinha sentido um gosto muito parecido com aquele que estava na minha boca.

E  na segunda, foi pra confirmar que definitivamente, aquela comida me transportava mais além que até Pinheiros. Me transportava até você.

Era como se eu não quisesse estar mais ali, onde eu estava naquele momento!
Todo aquele estímulo no paladar e na memória, me deu uma vontade imensa de correr atrás de você. De estar com você. De comer de novo naquele lugar em que já estivemos.

O sabor de uma comida que sim, era boa, de repente ficou amarga.
Me senti tonta e fora de órbita! Minha sensação era de que meu corpo estava ali na mesa, mas que minha alma, se debatia aqui dentro, fazia força para sair, como se tentasse me tirar dali de onde eu estava para ir ao teu encontro.

Tive que parar de comer. Simplesmente não descia. Aquele sabor estava ativando alguma atividade cerebral neuroquímica em alguma parte do córtex definido como: "lembranças para esquecer."

Deu vontade de chorar, deu vontade de sumir, e por alguns longos segundos senti que nada fazia sentido.Várias cenas passaram pelos meus olhos, tipo aquilo que dizem que acontece quando a gente morre, ver toda a vida ser resumida e reproduzida como num filme.

Acho que foi isso que aconteceu. Por alguns instantes ali eu morri. Não estava mais em mim. Estava em você. E aí constatei que quando a gente sai do nosso EU pra morar em outro, digamos, SEU... era como se eu tivesse novamente me colocando em segundo plano, e deixando de agir como eu deveria ou queria, me colocando nas tuas mãos e deixando você me controlar. 

Ora bolas! Acabei de falar aqui mesmo que chega de máscaras! Chega de personagens!

Isso me fez ir voltando a realidade, aos poucos. Me lembrei de que você não merecia assim, tanto gasto energético, tanta tempestade. Entendi que talvez mais tarde, eu escutaria novamente uma música, que me lembraria você, que não são poucas aliás!

Ou até,  que veria um filme que você tanto elogiou. 
Lembrei que poderia sentir o seu perfume em alguém que passasse por perto como também já aconteceu. E que isso faria doer de novo.

Certo...que você mexeu com todos meus sentidos, isso é fato! Pra que mentir? Isso porque nem vou citar teus toques, e as sensações que eles me causavam.

Por fim, me ocorreu também outra coisa...

Posso ter sentido saudade, mas essa saudade era sem sentido...

Porque tudo passa! Por que apesar dos pesares, está passando!

Sorria =) Você está Superando!
Mais uma!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Para Camila...

São Paulo, 18 de fevereiro de 2016.

Querida Camila,

Seria uma repetição exagerada se eu começar essa carta dizendo que me divorciei em outubro de 2014, que sofri desconpassadamente e que tinha dias em que eu nem queria levantar da cama?

Um mês depois, com o incentivo de uma amiga, cheguei lá na academia. Me falaram que faria bem, que eu devia cuidar de mim, que o lugar era muito especial e cheio de gente legal e atenciosa. Além de ter piscina e aulas de esportes.

Sabe o vôlei? Eu sempre gostei! Acho até meio sinistro dizer isso, mas quando eu era criança e passava em frente a nossa academia, eu falava pra minha mãe: "Um dia eu vou fazer aula de vôlei!". E esse dia finalmente chegou. Mal sabia eu naquela época, que seria assim, por este motivo... que o vôlei e aquela academia seriam meu refúgio após uma grande decepção amorosa.

Claro que entrei para as aulas, junto com aquela minha amiga que me levou pra lá! Infelizmente você não a conheceu. É a Roberta, que realmente estava certa, aquilo tudo estava me fazendo um bem danado. Só que umas duas semanas após eu entrar, o plano da Beta venceu, e por algumas questões, ela não renovou.

Então comecei a frequentar a academia sozinha. Logo fiz amizade com o professor, Marcel, e ele também dava aula de futebol. Ele me chamou pro time do fut! Mas eu dei uma relutada...demorei um pouco para aceitar esse convite. Só lá pra fevereiro ou março de 2015 que eu resolvi ir, assim, só pra ver no que dava. Adivinha? Gostei também. 

Nessa aula tinha uma menina que ia frequentemente com uma camisa da Argentina, ou com uma camisa do Barça. Essa menina era você. Mas eu nem sabia.

Um dia, conversando com uma outra pessoa do time, a Michele, sobre relacionamento, minha separação, minha história, você vinha chegando, parou para nos cumprimentar, e não saiu. Ficou ali, ouvindo a gente falar sobre esse assunto. Talvez você nem se lembre, mas foi ali, de pé, ao lado da quadra, comigo falando que ia tatuar "Amor só de mãe!", que trocamos as primeiras gargalhadas!

Dali pra frente só chegou naturalmente o melhor que uma amizade tem a oferecer.

A gente ria junta, a gente chorava junta, a gente xingava junta.
A gente se dava carona. A gente se tatuou juntas. A gente saia pra comer espetinho depois do fut. Ou até ia comer bolo na Sodiê. A gente se falava o tempo todo por whatsapp, ás vezes tão tarde, que sempre uma pegava no sono e só respondia no dia seguinte. A gente trocava prints de conversas. A gente se mandava audio bêbadas. As vezes até ligava bêbada também.

Lembra do dia que você ligou tarde da noite : "To com brejas e sem companhia!" e acabou dormindo lá em casa?  E de visitar o Oliver comigo no hospital? De ir ao Centro? E de te convencer a jogar vôlei também? De torcer por você durante a Olimpíada de Natação? De procurar bares abertos pra conversar tarde da noite? De comer as esfihas do Biel? Dos japas? Do teu aniversário?
A gente vivia junto. A gente se dava bem. Não desejávamos mal a quase ninguém. A gente ia a luta. E conhecíamos a dor. Considerávamos justas, todas as formas de amor.

Sabe, tinha em você uma irmã, uma pessoa tão admirável, tão bacana, tão inteligente, tão comigo, tão descolada!

Mas alguma coisa mudou...
E assim como você chegou sem esperar, também se foi...

Eu pedia conselhos sobre a vida e você me dava, mas eu ainda não tinha maturidade pra os seguir.
Você esperava de mim algumas atitudes que eu sabia que estavam certas na teoria, mas que na prática, eu não conseguia fazer. Você exigia de mim, comportamentos que eu ainda, simplesmente, não podia corresponder. 

Aí você se encheu.
Acho que começou a me achar, como você disse,  infantil.
Descobriu o quanto eu posso ser insegura, medrosa e errada.
Você não falou isso, mas acho que comecei a te fazer mal, porque de repente, você preferiu se afastar. De repente, todo o bem que a gente já tinha vivido, não te valia mais a pena.

Sabe a impressão que eu tenho? Que você desistiu de mim! Desistiu de pensar que eu podia ir pra frente, e e enfrentar meus problemas como eles deviam ser enfrentados. Você disse que não queria ficar do meu lado, pra ver me sofrer e fazer merda, mas estando longe, não poderá ver também as lições que eu já aprendi. Acho que ia ficar orgulhosa, pois foram algumas...e tem outras em andamento!

Sinto muito sua falta!
Queria que tudo fosse como já foi!

Queria poder ter feito as coisas de forma diferente na época. Queria poder ter estado no mesmo tempo que o teu. Mas me perdoo por não ter conseguido reagir de outra forma, afinal eu não estava pronta. Eu estava dentro de um casulo, ainda sem poder me transformar em borboleta. Estava me preparando. Estava no meu tempo de aprendizado. Estava me desenvolvendo. Você não teve muita paciência, mas eu não podia simplesmente, sair do casulo sem asas.

Saiba também que se fosse o contrário, eu não faria o que você fez. Não com você!
Acho que eu ia te dar uns tapas na cara até você aprender, e estaria do teu lado, pra te dar uma mão e com a outra apontar o dedo na tua cara e dizer, EU TE AVISEI! Incansavelmente! Até porque acredito no teu potencial de ser cada vez melhor e não entendo teu comportamento, porque disso tbm tenho certeza que é uma característica minha. De não querer errar, de querer acertar. Só que as vezes sozinha é difícil, e aí que entram os amigo.

Apesar de tudo, obrigada por ter aparecido na minha vida! Você me ajudou muito, deixou meu ano que foi tão difícil, mais colorido, com seu jeito de ser! Nunca vou esquecer que na época mais sombria da minha vida, pude contar com você e com as vibes boas que você tinha. Mas vou te respeitar! Se prefere assim, se não acha mais interessante compartilhar um pouco da tua vida comigo, não exigirei isso de você. E deixo você ir, e seguir teu caminho, como achar que seja melhor, mesmo que não me inclua! E eu ficarei de longe, torcendo por você e por tuas conquistas do mesmo jeito!

Durou pouco tempo. Nem um ano!
Igual meu casamento!


Fernando Pessoa tinha toda razão quando disse que "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem."
E pra mim foi assim! Intenso e verdadeiro! Uma amizade que me fazia agradecer a Deus, por ter me separado, pois, de outra forma, talvez nunca tivesse te conhecido. Não sei se pra você foi a mesma coisa, mas não me importa, e baixo minha guarda pra dizer que você foi, e é muito importante pra mim! E que se um dia, sentir minha falta e quiser me procurar, meu dia nasceria mais feliz!

Uma aula de vôlei sem quorum e eu te chamando de gorda, sem querer!


Assim me lembro de você!

Com carinho,

da tua amiga,

Bárbara

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

personagens...

Era mais um dia comum.
Eu havia acordado atrasada, saído correndo, pegado o maior trânsito.
Cheguei ao trabalho, liguei o computador e entrei no site da Uol, como faço diariamente, confesso, para passar o olho nas manchetes e ler a previsão astrológica reservada aos nativos de câncer para aquele dia.

Havia uma chamada de entrevista com a Emma Watson, que é a atriz que interpretou a Hermione na saga Harry Potter. Fiquei curiosa e antes do zodíaco, fiz uma parada nessa reportagem.

Emma contava que a vida não foi fácil dos seus 9 aos 21 anos de idade, período total de 12 longos anos em que trabalhou nos filmes. Ela dizia que via os seus amigos crescendo normalmente e criando a própria identidade e personalidade, enquanto ela crescia também, mas precisava viver, representar, focar e dar tudo de si em uma personagem, Hermione, e que pouco sabia quem era ela mesma.

Sabe Emma,

Ao ler sua entrevista não puder deixar de me identificar e achar que eu sinto uma sensação parecida com a sua.

É como se eu também tivesse passado os últimos 11 anos representando um mesmo papel. Dava vida a uma personagem que atuava em companhia de outro personagem, tipo sei lá: Batman e Robin, Patati e Patatá, Debi e Lóide, Shrek e Fiona, o Gordo e o Magro, Zorro e Tonto... Bárbara e Kauê.

E aí, de repente, depois de todo esse tempo, fui obrigada a atuar sozinha, assim, sem aviso prévio, sem ensaios, tudo no improviso.

Fiquei perdida! Já não sabia mais nem se eu era meio das trevas como o Batman ou colorida como Robin. Seria melhor sorrir e me vestir de Patatí, ou cantar e vestir o Patatá? Eu estava Debi, sem dúvidas,  mas porque não também não Loide? Combinava mais comigo o ogro  Shrek ou a princesa Fiona?  Eu estava um pouco Gorda, mas emagreci a olhos vistos nesse período, afinal, eu era Gordo ou Magro? Tinha tirado força que nem sabia que eu tinha, tava herói, tipo Zorro, mas também estava Tonta. Que eu era Bárbara, ok, isso era fato! Mas e o complemento que parecia meu segundo nome, (Kauê) já não fazia mais parte das minhas cenas.

Não sabia mais qual personagem usar, e mesmo quando eu tentava escolher um, todos eles pareciam  completamente sem graça e sem sentido sem sua dupla. Eu não sabia ser sozinha!

Passado um tempo com tantas dúvidas, aprendi então (não sem dor), que talvez tivesse que ficar assim, sem personagem nenhum!

Deixar ser apenas, a Bárbara, como ela é.
Nua.

Mas quem era eu sem personagens e máscaras afinal? Quem era a Emma Watson sem ser a Hermione afinal?

Quando eu tinha 15 anos e era adolescente solteira, tinha alguns planos, sonhos, ideias: entrar no exército, ser professora, ser escritora, ser mãe de 3 (sendo um adotivo), veterinária, baterista, skatista, cuidadora de animais abandonados, surfista.

E aí eu comecei a namorar, e muitos planos foram naturalmente mudando. Dali pra frente eu iria querer: casar, comprar uma casa, ser mãe, ser escritora, ser professora, ser fonoaudióloga, viajar.

E aí eu me separei, e me sinto como se eu tivesse voltado pros meu 15 anos: quando a gente olha pro mundo, e tudo pode ser uma possibilidade.

Na verdade quase tudo: Eu não posso mais entrar no exército, mas agora jogo vôlei e futebol. Eu não vou mais ser baterista, mas agora toco violão. Eu ainda posso ser professora, eu ainda posso ser escritora e sou fonoaudióloga. Eu ainda posso ser mãe. Eu não posso ser veterinária, mas cuido de 2 gatos. Eu voltei pra casa dos meus pais, mas ainda posso comprar a minha casa. Eu não sou cuidadora de animais abandonados, mas contribuo, infelizmente, quando dá e quando eu lembro,  pra uma ONG que faz isso. Eu não posso surfar, sequer mergulhar. Mas posso enxergar, caminhar e abraçar uma árvore.

Eu acho que as coisas que descobri sobre mim nesse 1 ano e 4 meses sozinha,  ainda são poucas.
Mas sei também que de um total de 16 meses sozinha, 09 foram apenas sobrevivendo.
Nasci de novo há 07 meses. Cresceram dentes há pouco e talvez já esteja querendo comer rapadura e quebra queixo. Ufa! espero que a tendência astrológica para hoje seja algo sobre conseguir manter a serenidade e a tranquilidade.
As respostas vão aparecer...
Aos poucos vou saber quem eu sou também, Emma.

Ou...talvez não saber quem sou, seja uma parte de mim.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sobre o fim do carnaval

Acabou o carnaval!

Os carros alegóricos são estacionados. Funcionários limpam as ruas e as avenidas. Penduramos as fantasias no cabide do armário. As máscaras vão para as gavetas...bom, peraí... ou pelo menos deveriam.

Com o fim do carnaval e do processo de guardar as fantasias e alegorias, pude perceber enfim, que tenho andado com uma máscara a mais, em algumas situações.

Percebi que por vezes, coloco a máscara da Mulher Maravilha: moça inteligente, sagaz, bonita, sempre pronta pro páreo que aparecer, discurso na ponta da língua pra discutir Kant, Brecht, Confucio, Foucault, Levi Strauss. Esperta o bastante pra entender filmes Cult, ouvidos refinados para a música clássica ou erudita. Madura o suficiente para saber aonde está pisando e de não exigir o que não deve ser exigido. Coerente. Boazinha. Educada e tranqüila.

Mas essa não sou eu.

Eu conheço outras coisas de um outro mundo. Posso discutir outras personalidades, me satisfaço em não dormir em filmes apenas e fico sem entender alguns deles, mesmo acordada! Gosto de música que me faça algum sentido, sendo sertanejo, sendo  rock, sendo mpb.... sendo uma melodia que me embale o sorriso ou o sono.

Gosto de conversa que flui sem esforço. Gosto de receber uma mensagem e saber o que responder na hora. Gosto de perder a hora conversando, de olhar no relógio e me surpreender com o quanto falamos, rimos e do quanto vai ser difícil acordar no dia seguinte.

Gosto de poder não ser perfeita. Gosto de não sentir vergonha do que eu sou e de onde eu vim. Gosto de poder admitir que nunca comi, nunca ouvi, nunca li, não sei  e que não conheço.

Gosto de não entender algumas piadas maliciosas de primeira. Gosto do meu coração assim, puro e pra lá de ingênuo.

Gosto do meu carro, de poder dirigir e de desfrutar dos bônus e dos ônus.

Gosto de chegar em casa, trocar de roupa, deitar no sofá e ver uma besteira na TV. Gosto de Masterchef, Chaves, Cozinha Sob Pressão, Os 10 mandamentos, Troca de famílias, Esquadrão da Moda, Silvio Santos, The Voice, Cake Boss e séries.

Gosto de gostar de ir aonde me levarem. Gosto de poder falar que não me lembro de ter ido a um lugar ruim. Porque eu gosto de sair e de estar aonde eu estou e com quem eu estou. Sempre valeu a pena.

Gosto de sarau de poesia e posso até assistir  documentários de pessoas famosas para alguém, menos pra mim, mas se tiver jogo de futebol ou de vôlei no mesmo horário, você vai me ver em quadra.

Gosto de mandar foto descabelada e de pijama pra alguém, sem me preocupar se a bagunça dos fios ou o furo da roupa irá comprometer os esforços.

Gosto de leite com chocolate quando eu acordo, mas você pode pedir capuccino ou café pra você!  Acho que é um paladar infantil, Bom, tanto faz, gosto do mesmo jeito e bem gelado!

Gosto de tocar violão, de gravar uma música no celular, e se dedilhar errado o acorde, enviar para você ouvir mesmo assim.

Gosto de receber bom dia, boa tarde e boa noite. Gosto de dar bom dia, boa tarde e boa noite sem pensar se devo puxar assunto ou não. Se estaria incomodando ou não. Simplesmente desejo isso a você e pronto.

Gosto de poder usar meu vocabulário original, incluindo palavrão, gíria nova e gíria antiga. Qualquer palavra que traduza o que sinto e que tenha aparecido na minha mente naquele momento.

Gosto de ligar o rádio do carro e de escutar minhas músicas sem me sentir mal por gostar do que todo mundo gosta. Gosto de não ter dificuldade de achar uma rádio que me agrade. Afinal, gostar de muita coisa, não é gostar de qualquer coisa.

Gosto de poder usar minha rede social sem receio de ver postagens que não me agradam e também de postar coisas sem pensar se você vai curtir ou não.

Gosto de sentir que se preocupam comigo, que digam que tem saudades e poder acreditar nisso por diversos motivos, sendo um deles o bom dia, o boa tarde ou o boa noite.

Gosto de ler livros de romance, de ação, de Dan Brown, Nicholas Sparks e Zibia Gasparetto. Gosto de  ler livros que todo mundo já leu, e de como isso não me faz menos leitora ou menos culta por não ler livros desconhecidos.

Gostei de finalmente perceber que chegou a hora de começar a retirar a máscara de sobrevivência ao que é supérfluo, para  aproveitar o que é, de fato, verdadeiro.

Já diz a canção:
Hoje eu sei só quem tirou a fantasia,
Aproveita o carnaval
Apaga o que havia
E comemora o que há de novo no quintal”




“Bárbara, sai dessa casa que te abrigou durante um bom tempo! O mundo real está te esperando aqui fora” – Bial, Pedro