segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Palavras Cruzadas

Sempre tive o hábito de fazer palavras cruzadas!

Lembro-me ainda da forma como tudo foi começando: Eu devia ter uns 10 anos, com uma pequena margem de erro de um ano ou dois pra cima ou para baixo. Via meu pai deitado na cama, caneta encostada na boca, e ele ia escrevendo algo numa revistinha, e eu sentava ali do lado dele, perguntando o porque das coisas, e ele ia respondendo...

O fato é que eu aprendi a fazer, gostava de fazer, e me sentia inteligente quando completava uma página todinha!

Nas palavras cruzadas, há um número de quadrados correspondente a resposta certa, e é muitas vezes assim, que matamos a resposta. É uma dica valiosa, mesmo quando está tudo em branco.

Já fazia algum tempo que eu não cruzava palavras, até que um dia desses, vi um coquetel num  jornal. Fui dar umas olhadas nas perguntas, e percebi que na verdade, as respostas poderiam ser muito mais variadas do que a proposta dos quadradinhos limitados.

Tipo assim:

Perguntas:

"Quantidade de dentes de um humano adulto"

Resposta Esperada: trinta e dois

Resposta correta: Depende da quantidade de vezes em que quebrou a cara

"Afeto Intenso" 

Resposta Esperada - Amor

Resposta correta: Problemas

"Diagnóstico do paciente do hospício"

Resposta esperada - Loucura

Resposta correta: Paixão

"Gravou "Pega Na Mentira (MPB)"

Resposta Esperada  - Erasmo Carlos

Resposta correta:  Meu-Ex-marido

"Abrigo do feto" 

Resposta Esperada - Útero

Resposta correta- Coração

"Mamífero que parece rir"

Resposta Esperada - Hiena

Resposta correta: Eu-da-vida

"Fácil de Conduzir"

Resposta esperada - Dócil

Resposta correta: Essa só pode ser dócil mesmo, porque definitivamente RELACIONAMENTO não cabe!

"Abrigo blindado" 

Resposta Esperada - Casamata

Resposta Correta: Meu-coração-depois-do-divórcio

"A cor do luto"

Resposta Esperada - Preta

Resposta correta  - TODAS! Até-arco-iris-ficava-preto-e-branco-no-meu-luto

"(?) e ímpar - tipo de sorteio" 

Reposta esperada - Par

Reposta Correta - Tentei par, mas acabei Ímpar mesmo

"Dona"

Resposta Esperada - Senhora

Resposta correta - Também-amo-essa-música...


Além disso, quando a gente tá em dúvida entre uma resposta ou outra, as páginas finais contém a resposta que a gente tanto procura...

Mas na vida real, o negócio é nível HARD: fazem as perguntas, a gente tem que responder e não tem cola pra ver se acertou...tem que ir na fé! Já pensou se a gente pudesse dar uma olhadinha no futuro, ver como acabava e daí, decidir escrever ou não? Ia ser muito fácil, muito massa, a gente não erraria nunca, não correríamos risco nenhum, não teríamos medo de nada!!!! Meu pai sempre falava mesmo, que olhar na resposta tirava toda a graça da coisa.
Nas palavras cruzadas do papel, creio que ele está certo, e aplicar isso sobre as perguntas da vida...bom, corajosamente, ouso dizer que também...

Difícil é quando você descobre que cruzou tudo errado, precisa voltar mil casas, rever todas as perguntas, uma por uma, repensar, e aí deixar tudo riscado, rabiscado, borrado, ilegível...caso tenha escrito em caneta!

Taí uma coisa: escrever de lápis é mais fácil de apagar, deixa menos marcas, é mais leve...
Pra que tanta seriedade? É só um jogo, que a gente tá começando, e aprendendo..dia após dia...tipo criança, que quando esta se alfabetizando, escreve a lápis...
Pra que caneta!?
Nada é definitivo!!
E eu me achando inteligente por completar uma página dessas aí debaixo...
Ahhhh..mas essa vida é muito mais do que isso...mesmo!




sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Comportamentos felinos

Esses dias fez um ano que me separei!

Esses dias fez um ano em que voltei pra casa dos meu pais, com malas a mais do que quando sai.

Essas malas a mais eram frágeis: não podiam ser carregadas de qualquer jeito, jogadas no porta mala, ou no banco vazio ou no banco traseiro. Tinham que ser transportadas carregadas no braço, em uma caixinha de transporte.

Acredita que até nome, essas malas novas tinham?
Oliver e Pérola!

Caso não tenha matado a charada, eu posso explicar melhor...
Depois que casamos, eu e o marido na época, adotamos dois gatinhos, que um primo de uma prima dele (!!), havia achado dentro de uma caixa de sapato, recém nascidos, ao lado de um ponto de ônibus, lá em Piracicaba.

De pelo muito preto e olhos amarelos, dei ao nome do macho, de Oliver. Sei lá, me veio o nome do meu irmão na cabeça, e daí, uma inspiração. O nome do meu irmão é Orlando.

De pelo muito preto e olhos verdes, não tive o prazer de batizar, pois já haviam dado nome a ela, Pérola.
Mas em todo caso, é um bom nome, porque ela é minha preciosa <3! Ela ia ser adotada pela prima do marido, mas a casa dela estava em reforma, combinamos que nós ficaríamos com ela enquanto a obra não acabasse, nisso foram quase 3 meses...e aí já não havia como devolver a bichinha, já tínhamos nos afeiçoado, e o Oliver tbm. Já eramos todos, até então, inseparáveis.

Toda essa introdução, pra contar a reflexão da vez...

Quando levamos os gatos para nosso apartamento, em dezembro, eles já tinham em torno de 2 a 3 meses. Nesse tempo de vida, moraram na chácara do primo da prima do meu marido. (!!)

Por serem ainda pequenos, não deram trabalho para a adaptação. Apesar de não ter grama, só concreto, espaço para correr, só uma varanda, insetos para caçar, só eventuais mosquitinhos, eles chegaram no apto, saíram de suas gaiolinhas, cheiraram o ambiente...e em questão de horas, já estavam correndo pra lá e pra cá, com seus brinquedinhos. Tive a impressão de que para eles, essa mudança não os havia afetado!

Poxa, que bom! Eu queria ve-los mesmo felizes, afinal, é por isso que a gente resolve ter um bichinho (ou dois!).  Para que eles sejam um pouco mais felizes e bem cuidados! Talvez até role o contrário: adotamos para que eles nos façam felizes e nos sentirmos amados... fica aí uma dúvida de quem adota quem!

Mas enfim...

Como todos já sabem, desde a primeira publicação, o casamento não durou e voltamos ao primeiro parágrafo: eu voltando pra casa da minha mãe, com uma mochila nas costas e uma caixa de transporte de gatos em cada braço.

Era outubro, os gatinhos iam já fazer 1 ano!

Dessa vez a mudança foi sentida.

Os gatos estavam como eu: apavorados.
Juro que era um olhar de: "onde estamos, cadê meu quarto, e porque?"

Demoraram uma semana pra conseguirem sair do meu quarto. Todo  e qualquer ruído, os faziam se esconder. Lá no apto, por ser longe do chão, claro, era muito mais silencioso.

Eles tinham que dormir comigo, ou na verdade, volto a questão, talvez eu que tinha que dormir com eles, para nos sentirmos todos seguros.

Ficamos os três, uma semana praticamente no quarto, juntinhos. Até que um som de uma moto estourando, os assustava, mas o rabo já não ficava como um espanador... E alguém abrindo a porta, já não os fazia sair correndo pra debaixo da cama. Foi aí, que talvez, havia chegado a hora, de deixá-los circular um pouco mais pela casa.

Abrimos a porta do quarto, e eles saíram, devagarzinho, desconfiados, pararam na escada...que raio era aquilo? Nunca haviam se deparado com nada parecido! Demoraram mais um dia ou dois para descê-la...e dali pra frente...foram se habituando, conquistando lugares preferidos para dormir, olhando pela janela e ficando admirados com a nova vista que possuíam. Creio que em um mês, já parecia que ali sempre fora o lugar deles.

Pra humanos é tão mais difícil!
Eu ainda continuava apavorada, até pouco tempo atrás!
Não me conformava com a visão da minha janela. Não era a que eu queria ver, ou no caso, tornar a ver!
Não me adaptei as mudanças e queria muito poder voltar pra minha antiga casa. Aliás, dizem que os gatos são muitos apegados a casa, talvez nós humanos tenhamos um lado felino, muito parecido, não é?

Demorou, mas finalmente, estou agindo como meus gatos, no momento em que abriu-se a porta do quarto!
Eu resolvi sair do cômodo em que eu estava...e ver o que tinha ali, nas redondezas.
Ainda é assustador, mas também é excitante. É uma aventura! Uma coisa de louco: não é que existe vida, e muto mais, além da porta?!

Aí vi algumas escadas, será que devia subir os degraus? Eram obstáculos, e se eu quisesse expandir o raio de aventuras...teria q subir: degrau por degrau, sem levar em conta o medo da altura!

E eu subi as escadas...e o mundo era realmente novo.
Pra ser, suave até, descobri outro universo, acima dos degraus!

Pra quem estava em um comodo fechado, se deparar com um universo... A gente acha que o mundo é só aquilo que a gente conhece, e quando vemos o quanto estamos errados, bate uma curiosidade, igual de gato, de entrar em cada canto, cada buraco, cada caixa nova...pra ver o que tem lá!

E os gatos, felizes da vida, fizeram novos amigos: minha mãe e meu pai, meus vizinhos. Mas só conseguiram quando se permitiram sair do seu quartinho. Hoje eles querem é até sair de casa, mas aí a gente não deixa...a liberdade deles tem um limite. Sabem como é: dizem que a curiosidade matou o gato!

E eu também fiz novos amigos! O círculo de pessoas, de fora do quarto, me ajudam a explorar e me localizar no universo. No novo universo! No planeta em que vim parar! É como se eles tivesse um mapa e me apontassem uma direção. Alguns caminhos eu trilho sozinha e em outros, eles vêm comigo. Chego até a pensar na possibilidade de existirem caminhos, que apesar de eles estarem neste universo a mais tempo, ainda não foram, e aí vamos juntos ver onde vai dar. Por que eu também tenho um mapa, de outro planeta sim, mas que serve de guia para algumas trilhas deste mesmo cosmo.

Os gatos tiveram o tempo necessário deles para poder sair do quarto.
E eu tive o meu também!

Os meus gatos tem a liberdade limitada! Mas e eu?
Eu não!

É claro, é preciso certa cautela nas novas explorações! Apesar de tudo me ser lícito, nem tudo me convém! Mas minha liberdade, eu avisto, aperto os olhos, colocando a mão na testa e vejo um mundo inteiro meu...! E pela janela da casa dos meus pais!

Logo,
Não é interessante, como de gato e de louco, todo mundo tem um pouco?


Olinho e Pepê! Meus filhinhos!!




quinta-feira, 8 de outubro de 2015

mudanças...

Aconteceu quando eu menos esperava...
A dor que um dia pareceu não ter fim, os questionamentos que pareceram nunca serem respondidos, um luto que parecia fazer morada na alma...


Passou...



Não, não foi assim, de um dia para o outro, mas foi de um momento para o outro.
Às vésperas de comemorar um ano de divórcio, (mais tempo que eu tive de casada)...esbarrei em dias bons.

Começou sem o choro diário...
seguidos de noites bem dormidas...
acompanhado de sorrisos constantes...
junto com novas experiencias...

e espero que não pare por aí!

Novas experiências... novos amigos...
pude finalmente, entender que a vida é simplesmente, muito...mas muito maior do que aquilo que nossa cabeça sonha, algo, tipo...imagina só:

Um semeador sonha com uma árvore.
Semeia, planta, cuida, rega...e ela cresce...e quando ele acha que, finalmente, após anos de dedicação, irá colher seus frutos e sombra, descobre que plantou em um solo, no qual sua raiz não poderia crescer...e em pouco tempo ela apodrece...e tudo aquilo que ele planejou e sonhou...vai apodrecendo, secando...até que finalmente, cai...e se perde e acaba.

Parece o fim do mundo para um pobre sonhador semeador.

Ele segue desolado, tentando entender porque sua arvorezinha não foi pra frente. Se sente injustiçado, magoado! Pobrezinho! Sente até inveja de outras grandes árvores, sabe como é, a grama, ou a árvore do vizinho é sempre mais verde.

Leva um tempo, mas o pobre semeador, mesmo achando que nunca mais irá conseguir plantar uma árvore decente, encontra, aos poucos, respostas e alternativas para sua vida.

Primeiro, ao se ver triste e desamparado, descobre que tem muito amigos que lhe dão força a continuar com seus sonhos.
Segundo, e não necessariamente nessa ordem, percebe que sua família, o ama e estará com ele, com árvores ou não... da forma que ele se apresentar, assim será bem vindo.
Terceiro, finalmente se dá conta, de que há algo superior, uma energia maior, que dá há cada um, o que lhe é necessário para que evolua, aprenda.... e começa a aceitar, que nada é por acaso.
Quarto e o mais difícil... a mistura da energia superior,  com os amigos e o apoio da família, fazem o semeador perceber quer perder uma colheita, não significa perder a capacidade de semear novamente. 

Além disso, ao perceber que é capaz de semear novamente, é capaz de escolher novas sementes, de repente, não precisa ser uma árvore...pode semear flores, moitas, árvores, bonsais, plantações...e olha...pode semear o que quiser, quando quiser!

A liberdade cai como uma luva.
A vida continua,
e cada semeadura é um aprendizado!

Pode ser que semeie de novo, e que não consiga suas colheitas esperadas de novo, ou até que consiga, mas que ela apodreça novamente.

Mas ele está muito mais forte e, não é qualquer "não" que o faz cair novamente, e fora isso, é muito bom poder semear o que quiser, e se vai nascer ou não...deixa quieto....

Não pensará nisso, vai semear, fazer sua parte, um dia de cada vez, sem expectativas de grandes árvores, de frutos...apenas segue semeando, apreciando e aproveitando muito mais a cada dia, com quem está ao seu lado...e se divertindo e conhecendo muito mais sobre solos, sementes, como regar, como cuidar, ler manual de instruções de colheita...,enfim, vai aprender muito mais do que poderia se tivesse  apenas se apegado a uma única árvore.

Trata-se de um texto sobre amor, árvores e plantas, mas sobretudo, do amadurecimento, não dos frutos, mas do próprio semeador.