Acabou o carnaval!
Os carros
alegóricos são estacionados. Funcionários limpam as ruas e as avenidas. Penduramos
as fantasias no cabide do armário. As máscaras vão para as gavetas...bom,
peraí... ou pelo menos deveriam.
Com o fim
do carnaval e do processo de guardar as fantasias e alegorias, pude perceber enfim,
que tenho andado com uma máscara a mais, em algumas situações.
Percebi que
por vezes, coloco a máscara da Mulher Maravilha: moça inteligente, sagaz,
bonita, sempre pronta pro páreo que aparecer, discurso na ponta da língua pra
discutir Kant, Brecht, Confucio, Foucault, Levi Strauss. Esperta o bastante pra entender filmes Cult, ouvidos refinados para a música clássica ou erudita. Madura o suficiente para saber aonde está pisando e de não exigir o
que não deve ser exigido. Coerente. Boazinha. Educada e tranqüila.
Mas essa
não sou eu.
Eu conheço
outras coisas de um outro mundo. Posso discutir outras personalidades, me
satisfaço em não dormir em filmes apenas e fico sem entender alguns deles, mesmo acordada! Gosto de música que me faça algum sentido, sendo sertanejo, sendo rock, sendo mpb.... sendo uma
melodia que me embale o sorriso ou o sono.
Gosto de
conversa que flui sem esforço. Gosto de receber uma mensagem e saber o que
responder na hora. Gosto de perder a hora conversando, de olhar no relógio e me
surpreender com o quanto falamos, rimos e do quanto vai ser difícil acordar no
dia seguinte.
Gosto de
poder não ser perfeita. Gosto de não sentir vergonha do que eu sou e de onde eu
vim. Gosto de poder admitir que nunca comi, nunca ouvi, nunca li, não sei e que não
conheço.
Gosto de
não entender algumas piadas maliciosas de primeira. Gosto do meu coração assim,
puro e pra lá de ingênuo.
Gosto do
meu carro, de poder dirigir e de desfrutar dos bônus e dos ônus.
Gosto de
chegar em casa, trocar de roupa, deitar no sofá e ver uma besteira na TV. Gosto
de Masterchef, Chaves, Cozinha Sob Pressão, Os 10 mandamentos, Troca de famílias, Esquadrão da Moda, Silvio Santos, The Voice, Cake Boss e séries.
Gosto de
gostar de ir aonde me levarem. Gosto de poder falar que não me lembro de ter
ido a um lugar ruim. Porque eu gosto de sair e de estar aonde eu estou e com
quem eu estou. Sempre valeu a pena.
Gosto de sarau de poesia e posso até assistir documentários de pessoas famosas para alguém, menos pra mim, mas se tiver jogo de futebol ou de vôlei no mesmo horário, você vai me ver em quadra.
Gosto de
mandar foto descabelada e de pijama pra alguém, sem me preocupar se a bagunça
dos fios ou o furo da roupa irá comprometer os esforços.
Gosto de leite com chocolate quando eu acordo, mas você pode pedir capuccino ou café pra você! Acho que é um paladar infantil, Bom, tanto faz, gosto do mesmo jeito e bem gelado!
Gosto de
tocar violão, de gravar uma música no celular, e se dedilhar errado o acorde,
enviar para você ouvir mesmo assim.
Gosto de
receber bom dia, boa tarde e boa noite. Gosto de dar bom dia, boa tarde e boa
noite sem pensar se devo puxar assunto ou não. Se estaria incomodando ou não.
Simplesmente desejo isso a você e pronto.
Gosto de
poder usar meu vocabulário original, incluindo palavrão, gíria nova e gíria
antiga. Qualquer palavra que traduza o que sinto e que tenha aparecido na minha
mente naquele momento.
Gosto de
ligar o rádio do carro e de escutar minhas músicas sem me sentir mal por gostar
do que todo mundo gosta. Gosto de não ter dificuldade de achar uma rádio que me
agrade. Afinal, gostar de muita coisa, não é gostar de qualquer coisa.
Gosto de
poder usar minha rede social sem receio de ver postagens que não me agradam e também
de postar coisas sem pensar se você vai curtir ou não.
Gosto de
sentir que se preocupam comigo, que digam que tem saudades e poder acreditar nisso
por diversos motivos, sendo um deles o bom dia, o boa tarde ou o boa noite.
Gosto de
ler livros de romance, de ação, de Dan Brown, Nicholas Sparks e Zibia Gasparetto. Gosto de ler livros que todo mundo já
leu, e de como isso não me faz menos leitora ou menos culta por não ler livros
desconhecidos.
Gostei de finalmente perceber que chegou a hora de começar a retirar a máscara de sobrevivência ao que é
supérfluo, para aproveitar o que é, de fato, verdadeiro.
Já diz a
canção:
“Hoje eu sei só quem tirou a fantasia,
Aproveita o carnaval
Apaga o que havia
E comemora o que há de novo no quintal”
Aproveita o carnaval
Apaga o que havia
E comemora o que há de novo no quintal”
“Bárbara, sai dessa casa que te abrigou durante
um bom tempo! O mundo real está te esperando aqui fora” – Bial, Pedro
��
ResponderExcluirQue texto incrível !!!!!
Adoreiii o tema
Adoreiii a sinceridade, a espontaneidade
Parabéns ����
Beijo Ju Navarro
ExcluirO texto é incrível
ResponderExcluirAdorei o tema
Adorei a espontaneidade
Parabéns <3